Os Azeitonas - Uns Porcos de Primeira
Está bem, eu confesso: hoje ouvi pela primeira vez a afamada canção "Anda Comigo Ver os Aviões", d'Os Azeitonas.
Esta é uma daquelas frases que possivelmente soará estranha para muitos, tendo em conta que a dita tem corrido tudo o que é canal de televisão e estação de rádio desde há uns meses. Do que até agora percebi, este é um daqueles temas que, após a sua inclusão na banda sonora de uma telenovela, tem humedecido de forma abundante as partes baixas de muitas senhoras um pouco por todo o país, pelo que acabei por colocar um fim à minha relutância em aderir a mediatismos e resolvi dar uma oportunidade à cantiga.
E meus amigos, em má hora o fiz. Eu não quero estar a ser polémico nem insultuoso, mas há coisas que só não vê quem não quer: os Azeitonas são uns imundos javardões dissimulados de artistas românticos.
Os elogios à canção têm sido tantos que me levam a questionar se, só por acaso, haverá uma única pessoa neste mundo que tenha prestado a devida atenção à letra. Efectivamente, qualquer indivíduo dotado da mínima sensibilidade para apreender as entrelinhas chegará à conclusão que "anda comigo ver os aviões" mais não é do que uma forma subtil de dizer "quero comer-te por trás à bruta". E até podia pôr-me aqui a dissecar a letra de forma minuciosa, mas custa-me perder tempo com algo que me parece escandalosamente evidente.
Alguns comentários que li no
YouTube revelam que certas pessoas aperceberam-se de que há algo na letra que não bate certo, e não é caso para menos. Afinal, quem é o artolas que vai engatar uma gaja convidando-a a ir ver aviões, navios e automóveis na avenida? Meus caros, há certas coisas que eu não preciso de tentar para saber que não resultam, e esta é uma delas. Ainda assim, embora pelo menos tenham tido a decência de detectar estes elementos bizarros, impressiona-me como é que ninguém teve lucidez suficiente para descortinar o convite descarado para a mais animalesca das práticas sexuais que o letrista apresenta.
Sinceramente, "anda comigo ver os aviões"? Porque não dizer logo "vou-te papar tão violentamente que vais parar ao céu"?
"Rasgar as nuvens", "rasgar o céu", "rasgar o mar", "rasgar as curvas"? Mas será que ninguém acha suspeita esta fixação obsessiva para com o verbo 'rasgar'?
"Anda comigo levantar ferro"? "Queimar pneus"? "Foguetões a levantar vôo"? "Pegar na pistola"?
Porra, andará tudo cego?! É tão óbvio! Se eu dissesse isso a uma gaja voltava com um sapato de salto-alto cravado nos dentes. Mas como são Os Azeitonas, esses
porcalhões de primeira, toda a gente acha gira e romântica uma letra de fazer inveja a uns Ena Pá 2000 ou a uns
Karad'Ku (esses génios da cantoria javarda).
E como não tenciono ficar por aqui, despeço-me com outras duas denúncias da mais suja indecência disfarçada de romantismo:
- Pedro Khima: "Dá-me uma parte de ti que eu não tenha, que eu não possa ter" (porco!);
- Tiago Bettencourt: "Eu a transbordar dentro de ti" (nojento!).
Obrigado e bom dia.